BH consolida cada vez mais o caráter das grandes cidades do mundo. As pessoas têm o dia a dia profissional intenso. Assim, falta tempo para a saúde, seja para almoçar em um local com tranquilidade e com qualidade ou para praticar um exercício físico. Nesse foco, uma pesquisa confirma e assusta os moradores da cidade. Segundo a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2017, divulgada pelo Ministério da Saúde, 51,1% de quem vive na capital mineira está com excesso de peso e 16,4% são obesos. Em todo o país, mais de 54% estão, literalmente, fora de forma e quase 18,9% têm Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 30, medida que, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS) os coloca na posição de obesos. De acordo com a Vigitel 2017, apenas 38,9% dos belo-horizontinos praticam a quantidade de atividade física recomendada pela Organização Mundial de Saúde, ou seja, 150 minutos por semana. O Ministério da Saúde irá utilizar os dados da pesquisa para implementar ações de promoção da saúde e de prevenção de doenças. O objetivo é diminuir, até 2022, em 2% ao ano o número de mortes por doenças crônicas, que têm como fatores de risco o sobrepeso e a obesidade. Diego Paim, professor da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais e cirurgião do aparelho digestivo na Nexa Clínica Cirúrgica, acredita que a obesidade é uma tendência mundial. “Os Estados Unidos é um país com grande número de pessoas obesas e o Brasil está seguindo essa tendência. É possível observar uma mudança do estilo de vida das pessoas. Elas têm uma alimentação hipercalórica e estão mais sedentárias”, afirma. A endocrinologista Maria de Fátima Haueisen Sander Diniz considera que os moradores de BH seguem a população das grandes cidades brasileiras. “As metrópoles vem ‘engordando’ nas últimas duas ou três décadas. Uma pesquisa do IBGE (a Pesquisa de Orçamentos Familiares) já confirmava a Vigitel. As pessoas comem mais vezes fora de casa, trocam lanches pelas refeições como almoço e jantar, consomem muitos líquidos adoçados e alimentos ricos em açúcar, gordura e sal e cheios de aditivos químicos. Há pessoas que não tomam água, só refrigerantes! O consumo de legumes, verduras e frutas é baixo. O consumo de arroz e feijão diminuiu, enquanto os alimentos industrializados, os chamados alimentos ultraprocessados, que geralmente não saciam e são muito calóricos, ganharam muito espaço. Exemplo: no almoço se toma suco de caixa em vez de comer a fruta, come-se chips em vez de comer a batata cozida”, aponta. A endócrina lista também hábitos extra-alimentação como fatores de risco: “O estresse da vida atual faz mudar os motivos pelos quais comemos: come-se pela tristeza, pela raiva, pela dor, dentre outros. Comemos sem prestar atenção, mecanicamente, vendo TV ou em frente ao computador. Os estímulos ao consumo são infinitos, vide as propagandas da Coca-Cola que nos fazem pensar em sermos saudáveis tomando a bebida. Era como o cigarro na década de 1970. Propagandas lindas falavam em fazer esportes e fumar. O sedentarismo da população é muito preocupante também. O tempo de uso de computadores e em frente à TV tem aumentado, significando, na prática, menos movimento para o corpo.” “O maior problema da obesidade é que ela não vem sozinha. Dependendo da situação, pode acarretar em outras doenças, como: diabetes do tipo 2, hipertensão, apneia do sono, derrame; problemas psicológicos (depressão, ansiedade, baixa autoestima, dentre outros); hérnia de disco e asma grave não controlada. A boa notícia é que, reduzindo o peso em 10%, já se elimina grande parte desses riscos”, enfatiza Diego Paim. Maria de Fátima Haueisen finaliza alertando: “Gostamos muito dos doces, mas o que mudou nas últimas décadas foi o padrão da ‘alimentação moderna’ e dos hábitos de vida na população brasileira como um todo. Todos querem se locomover de carro, pois o transporte público é deficitário. Além disso, os espaços de lazer são poucos e sofremos com a falta de tempo e a crescente violência urbana.” A prevenção é o mais importante. Se perceber um aumento de peso significativo, é preciso ficar atento e se cuidar. A obesidade não acontece somente pelo excesso de peso. Depois dos 35 anos, há uma alteração no metabolismo das pessoas, que pode levar ao ganho de peso. Fatores genéticos também devem ser avaliados na obesidade. Mediante essas informações, hora de ficar atento à alimentação e se cuidar melhor. (Marco Túlio Câmara e Yasmin Kaizer)
NO BRASIL
54% da população estão acima do peso;
51,2% das mulheres estão acima do peso;
57,3% dos homens estão acima do peso;
61,6% da população entre 45 e 54 anos estão acima do peso;
32,1% da população entre 18 e 24 anos estão acima do peso;
18,9% da população estão obesas;
37% fazem atividade física pelo menos duas horas e meia por semana; ü
43,4% dos homens fazem atividade física pelo menos duas horas e meia por semana;
31,5% das mulheres fazem atividade física pelo menos duas horas e meia por semana;
13,9% da população não fazem exercício físico.
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